segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

De se estar só ... (poesia)

***
Só na multidão
E ninguém ouve
Alguém canta
Alguém fala
Alguém cala
Alguém morre
Ninguém ouve
Alguém ri
Alguém grita
Alguém chora
Alguém sonha
E ninguém ouve
Alguém pára
Alguém se agita
Alguém segue
Alguém acorda
E ainda ninguém ouve
E ainda todos dormem
Com seus olhos vidrados
Seus sentidos embotados
Suas bocas e suas direções
Suas idéias e suas intenções
Estilhaçadas
Embaçadas
Embaraçadas na mesma teia
No mesmo véu que se alteia
De tempos remotos, de instintos primeiros
Que me espanta, que me retalha
Que me estraçalha, que me encanta
Que me corta ao meio
Me dilacera em mil sóis
Em pedaços, cacos, caos
Mil pensamentos e emoções
Mil reações em detrimento
Recordações em silêncio
Ninguém ouve
Mas ainda alguém ...
***

Nenhum comentário:

Postar um comentário