quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

... encostar na tua (poesias)

"Eu só quero saber em qual rua minha vida vai encostar na tua...
Eu quero te roubar pra mim...
Eu que não sei pedir nada..."
(Ana Carolina)
Encostar na tua banca
E ver a vida passar
Encostar na tua palavra
E vasta idéia a se trocar
Encostar na tua verdade
Em teu mundo tocar
Encostar na tua pele
Entrar, te sentir, me deixar
Encobrir certos conceitos
Descobrir certos anseios
E de tal bem desfrutar
Um pulsar de corações latente
A liberdade a se tornar presente
E divina luz a nos guiar
E o encontro inicial do pensamento
Das conversas e silêncios, do bem-estar
Transmutando-se no atual sentimento
De viver, ser feliz, de amar ...
***
‘Tá chovendo, Amor !!!
E eu quase posso sentir o cheiro do teu cigarro ...
Hoje, pela manhã, te desejei bom-dia
Talvez esse seja o meu
É que agora o céu, tão escuro, tão embaçado
Essa água, que cai torrencialmente
E esse vento, gelado e breve
Me trazem tua lembrança
Tua presença, ao lado, na janela
Teu vulto a me abraçar
A me envolver as sensações
A inebriar o pensamento
Vem uma calma, uma quietude
Vem um censo de contemplação
Só olhar, só cheirar
Só sentir
Apenas ser, saber estar
É essa leve, vaga impressão
A nos moldar o temperamento
A nos fortificar a paciência
A nos testar a fragilidade
É uma fome de raciocínio
De sonhos, de planos, de ação
É uma estagnação do presente
Talvez meu pedido atendido
De modo tão natural
Um milagre camuflado
Na beleza do real
O momento se fixando, estancando
Parando e pairando sobre tudo
Pra uma vez mais nutrir este amor
Pra uma vez mais minha vida, minha alma encostar na tua ...

***

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Trilogia do Quinto Pesadelo ... (poesias de Dill)

MONÓLOGO PLATÔNICO

Escrever coisas bonitas?
não, dessas não escrevo
prefiro vivê-las, um dia;

No entanto e por enquanto, o que faço
é relatar meu divergente modo de viver
e pensar a existência humana

Quando te olho e te vejo
tão bela ao meu gosto
imagino que também sois apaixonada por ti

Eis o cataclismo da admiração pela paixão
se torna logomarca
e logo marca

Eu, do meu lado
Intenso colecionador de amores inalcançáveis
me canso de véspera e te perco de antemão

Assim, sem me indagar
sobre o que de alguma forma
te fez me por algum reparo

Sou só estilhaços
O cremado social
De natureza possessiva
E catalisador de defeitos humanos
por excesso de

Mas só para ver no que vai dar
o desbocado volta a atacar
a liberdade devastadora
de descobertas juvenis inconseqüentes e “puras”

Às vezes sou o pesadelo do leve pesadelo
Às vezes não;
Às vezes sou amor, bondade
e busca da longínqua perfeição

Embalagem de pedra
Mas soprado pelo vento
Caio, semeio, e não colho
O que vejo nos teus olhos agora,
E em tantos outros antes e depois

Quero que sejas eternamente liberdade
E mesmo assim que me venha
Com teus devaneios
Demonstrando tua meta

Que seja eu, eu...
Eterno controle
E mesmo assim que te tivesse
Sendo nós atrozes devaneios
Mas nos tendo como meta

Logo penso se acredito em tudo isso
Não! Eu nada creio!
Sou só sentimentos
Meu racional, plástico bolha

Meu corpo champagne pós rolha
Depois da explosão;
Espuma que só cai e atordoa

***
A REAL DAQUELE MONÓLOGO PLATÔNICO

Escrever coisas bonitas?
dessas coisas para você eu escreveria
para isso vivermos um dia;

No entanto e por enquanto, o que faço
é um ensaio no meu divergente modo de viver
e pensar a existência humana

Quando te olho e te vejo
tão bela ao meu gosto
imagino que também sois apaixonada por ti

Eis a maravilha de se saber metade amor
e a outra metade também
se torna amor próprio
e logomarca

Eu, do meu lado
Intenso colecionador de amores inalcansáveis
Não me canso de te admirar de antemão

Assim, sem me indagar
Se alguma coisa
te faz me por algum reparo

Me torno só reverências
O amante social
De natureza bonita
E aniquilador de defeitos humanos
perdendo o excesso de...

E sem saber no que vai dar
volto a cortejar
a tua liberdade avassaladora
de descobertas juvenis inconseqüentes e puras

Talvez eu seja o pesadelo do teu pesadelo mais bonzinho
Ou não;
Pode ser que eu seja amor, bondade
e busca da longínqua perfeição

Embalagem de pedra
Mas soprado pelo vento
Caio, semeio, e colho
O que vejo nos teus olhos agora,
Como nunca em outros antes ou depois

Quero que sejas eterna liberdade
E mesmo assim que me venha
Com teus devaneios
Demonstrando tua meta

Que seja eu eterno controle
E mesmo assim que a tenha
Sendo nós atrozes devaneios
Mas alcançando nossas metas

Dessa forma sinto que acredito em tudo isso
Justo eu, que muitas vezes nada creio
Passo a ser só sentimentos
E digo adeus ao meu racional plástico bolha

Meu corpo champangne pós rolha
Controla a explosão;
E a espuma que cai não atordoa.
***
Mais uma vez...
Estou gostando de alguém...será o meu fim?
Ela diz tudo amar ...
Mas não sei ao certo o que sente por mim...

Ela tem um jeito livre de ser
Com a alegria e tristeza faz par
E sorve o meu coração que quase para de bater

Já lhe disse que a amo
Mas ainda não sei se sei amar...do seu jeito
Ou como se deve o tambor dentro do peito

Mas se ela quer me “ensinar”
Estou a seu dispor
Assim como a vida para a morte

O azar para a sorte
O corpo para o caixão
O vapor para a chuva
A parreira para a uva

Tenho alguns bons anos
de tremores internos
Nenhuma intenção de usar um terno
E muito menos de viver dias amarelos

Meu amor; será enterrado vivo?
Seguirá a se debater no fundo de uma caverna?
Dentro de um livro ou num balcão de uma taverna

Já lhe disse que a amo
Dos seus atos não reclamo
Mas corre nas minhas veias
O macabro dos anos

Porém me digo no fundo da alma
Não acredito em escritas na palma
Em ditados dos anos
Muito menos em dias planos

Ou só de chuva
Estações só de inverno
O mesmo céu que me ilumina ao meio dia
À noite em mil sóis me alivia
***

... Fiufiufiufiufiufiu Fiufiufiu Fiufiufiu ... (poesia)

" Parece que dizes Te amo Maria ... "
(Chico Buarque)
... Fiufiufiufiufiufiu Fiufiufiu Fiufiufiu ...

Em teu rosto, em teu riso, teus lábios
Lembranças
Contatos remotos, controles ausentes, contratos
Leis mansas
A inocência de um tempo que já passou
E que não foi
A promessa de um tempo que não foi
Que já passou
Teu semblante, uma foto desbotada
Calada
Tua voz, carregada de silêncios
Sepulcros
E tua ausência penosa a torturar
A corroer
Aos poucos, como troça, como traças
A sorver
A perder-te o senso, a desviar-te o sentido
A brincar preciso com tuas intenções privadas
Um vibrar contido de tuas emoções coradas
E teus beijos perdidos nas ilusões sonhadas
Na privação de teus corados sonhos
Meu vulto a se fazer, desfazer, renovar
Em tua mente, a ensandecer e delirar
Meu sorrir impreciso, meu olhar permitido
Meu cantar, meu tocar revelados
A girar, em teus pensamentos retorcidos
Distorcidas visões de minha desconcertante presença
Desfocada como um espelho embaçado
Ofuscando teu coração em meio à neblina.
***

Como quem pede desculpas pra si mesmo ... (poesia - duas versões)

Como quem pede desculpas pra si mesmo ...

Eu me peço desculpas pela tola reação
Pela inútil percepção de estranhamento
Pela incompreensão, pela ilusão, pelo distanciamento
Me peço desculpas pela turva e nublada visão
Pela canção cravada em curva na mente
Pela oração pendente e pelo vão incidente
E me peço desculpas pelo que não calei
Pelo pão que guardei, pelo chão que pisei
No teu encalço
Sobre teus passos
A te seguir
Por esvair
De teus braços
Em ato falso

E peço desculpas tão somente pela ambivalente afeição.
***
... E peço desculpas tão somente pela ambivalente afeição
E me peço desculpas pelo que não calei
Pela oração deMente e pelo vão incidente
Eu me peço desculpas pela tola reação
Como quem pede desculpas pra si mesmo ...
***

Estilhaços (poesia)

Estilhaços

Sou teu espelho assombrado
Teu reflexo deturpado
Amplificado, intenso, ampliado
Pois teu pensar indiferente
Dilata minha renúncia
Teu falar neutro e imparcial
Destaca minha distância
Ao gritar estupidamente
Desata minha denúncia
E no teu sorriso virtual
Deságua minha inconstância
É teu desvio a me arredar
É tua graça a me florir
É tua desgraça a me calar
E é teu brio a me explodir

Enquanto a superfície refletir
Estarei a teu dispor pra te ofuscar
Mas cuidados sempre se deve seguir
Pr’a que o espelho não venha a se quebrar
***

Motivações (poesia)

Motivações

Saudades, meu bem, saudades
Saudades do teu querer
Desejo, meu tio, desejo
Desejo a me corroer
Angústia, meu anjo, angústia
Astúcia pra te envolver
Paciência, bebê, consciência
Carência ao entardecer ...
Mas vem a noite
Invade as mentes
Vêm tuas mãos
Me instigando
E vêm à noite
Nuas e ardentes
Vêm com tesão
Me penetrando
Com tuas mãos
Me faz contente
Pra tuas mãos
Vou me entregando
Por tuas mãos
Tão inocente
Em tuas mãos
Vou me matando ...

***

Coletânea 'Ardências 1' ... (poesias)

Corrente

Teus olhos buscam incessantes e ardentes
Prazer sob os tecidos, a timidez e a distância
Mal sabem que o desejo e o tesão latentes
Sobem ensandecidos à tez em discrepância
E por mais que eu prefira me afastar
Não consigo fugir do teu olhar
E sem resistência me entrego à tal procura
Pois tua loucura mais parece pura carência
Que em meu colo se destina a abrandar
Inexorável, como o rio se lança ao mar
***
Climas

Tão irritante ao mesmo que insistente
Teu jeito incoerente a me confundir
Ora tua agressividade a surgir
Repentina e tão inconveniente
Ora a se esvair, aos poucos, brevemente
Quando a sós, num impulso carente,
O intento de ambos a se fundir
A fugir sorrateira a grosseria
A brotar faceira a humildade
A brincar à beira da fantasia
O desejo, o anseio e a vontade
A erigir a teia da euforia
Num beijo alheio à amizade
Somente na veia a cor vazia
Do que vejo no seio da maldade
Tua intenção fugaz se faz latente
Minha intuição vã que jaz patente
E o destino a se findar na realidade
***
Olhares

Teus olhares ávidos e avassaladores
A rodearem rudemente sobre o vulto
A saltarem e a caírem sobre os seios
A brincarem maliciosos em vão culto
Admirando formas num tom grosseiro
Com palavras duras de garoto arteiro
Em momento propício pr’o impulso oculto
O desejo a se expressar de modo incerto
Quanto mais se mostra o corpo perto
E o egoísmo nua e surdamente domina
Como adrenalina crua a transbordar
Hormônios e sentidos a realçar
E o ensejo a se pintar em cor ferina
Simplesmente a explosão do desejo em fúria
Aparente na expressão, num beijo de luxúria
***
Risos

Tua carência aparenta brincadeira
E teu pedido só pode ser gozação
Pedir assim tão bruscamente um beijo
É plantar na mente imensa confusão
Pois teus lábios pedem desejos atendidos
E tuas palavras refutam com precisão
Teu corpo brevemente se faz perdido
Mas de súbito é encoberto por tuas mãos
E a indecisão, que não era pouca, faz-se maior
Por saber-te já pertencido e adorado
E tua intenção a me provocar constantemente
Abala a todo instante o intento abafado
Toda vez que te encontro é a mesma indefinição
E tua visão me aflige ao mesmo em que me acalma
Pois te saber possuído, saber-te em união
É alívio e é tortura a confortar com fúria a alma
***

Razões

Teu convite me parece ilusão
Tua proposta mais parece brincadeira
Porque um jogo tão contraditório
Não pode ser ganho assim tão fácil
E te ter por perto e tão solícito
Tão inconveniente e estranhamente dado
Tão aberto e sem receios ou birras
É por demais insano, duvidoso
Ter tão prontamente o desejo atendido
É quase mágico, meio divino
Se não fosse a eterna dúvida a persistir
O vazio inerente que vejo em você
Talvez a dança avançasse mais um passo
E a ciranda se estreitasse mais um pouco
Mas é teu olhar tão parco
Tão diluído, difuso, opaco
A extinguir de leve a vontade
E a remontar à breve amizade
***

Cálice (poesia)

Cálice

( Talvez não te seja possível em absoluto compreender )
( Habituou-se simplesmente resoluto a aceitar )
( Às vezes nem eu consigo ou tento entender )
( Busco somente e paciente mostrar )
( Apenas o bem de assim te querer )
( Te saber amado, feliz, em paz )
( Além do que possa parecer )
( Acima do que sou capaz )
( Muito mais do que te deixar )
( Ainda mais do que te prender )
( Com muda súplica ou impulso vão )
( Amar-te tanto, tão plena e puramente )
( Urgente na alma e no corpo, no coração e na mente )
( Áfona emoção a predizer e a me encantar infindamente )
***

Doce Vampira (poesia)

Doce Vampira

Meu beijo é algo que transcende este mundo
Te faz levitar
Flutuar por sobre o chão
Por sobre meu corpo
Por sobre tua mente
Por sobre meu coração
Por sobre teus pensamentos
Te leva às alturas
Onde se encontra teu desejo
Teu sentimento
Tua vontade
Teu esconderijo em meio às ardentes nuvens
Guardado por anjos
Repleto de segredos demoníacos
Proibidos e fantasiosos ...
... Meu beijo é como um sopro de vida
Que alimenta a tua alma
E retira o ar de teus pulmões
Te tira o fôlego
E multiplica teus desejos
Teus sentimentos
Tuas vontades
Ventania que embaralha teus sentidos
Atrapalha teu raciocínio
Desintegra tua lógica
Vendaval que arrasa
E abala tuas estruturas
Te deixa confuso
Desnorteado, sem rumo
E querendo estar ainda mais perdido ...
... Meu beijo é algo tão doce
Lambuza tua razão
Assim como tua boca
Enlouquecida
Deseja mais e mais
Sentir o toque adocicado de meus lábios
Sentir tudo se acabar
Tudo desmoronando ao redor
Explodindo, estourando
Somente nós ficamos intactos
Protegidos em mãos infindas
Na mão da paixão, de meu beijo
Que de tão doce
Nos distingue do resto do mundo que finda ...
... Meu beijo é simplesmente um beijo
Terno, suave, amaldiçoado
É louco, belo, puro
E tenha por certo, pois juro,
Que é teu melhor pecado
Tão delicado e repentino
Surpreendente e assustador
Pois te assusta ao despertar
E provocar tão agradável dor
Sensual, de malícia e horror
Rubro, marcado e sugado do peito ...
... Meu singelo beijo
Matando e refazendo teu desejo
Que demonstra para o mundo
Tão cruel quão meu beijo
Beijo este que te atira
Te afoga num mar de ilusões
Que te desesperam e te acalmam
Tanto quanto meu beijo ...
***