sábado, 7 de abril de 2007

... por Deus ...

... agradeço, Senhor, por tudo o que tenho, que tive, que hei de ter ...e muito mais por tudo o que sou, que fui, que hei de ser ... e, sobretudo, que amo, que amei, que hei de amar ...


" AMOR A ELE
Através de meus graves erros - que um dia talvez eu os possa mencionar sem me vangloriar deles - é que cheguei a poder amar. Até esta glorificação: eu amo o Nada. A consciência de minha permanente queda me leva ao amor do Nada. E desta queda é que começo a fazer minha vida. Com pedras ruins levanto o horror, e com horror eu amo. Não sei o que fazer de mim, já nascida, se não isto: Tu, Deus, que eu amo como quem cai no nada. "


" (...) E Deus tem que vir a mim, já que eu não tenho ido a Ele. Venha, Deus, venha. Mesmo que eu não mereça, venha. Ou talvez os que menos merecem precisem mais. Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito. E também me dói quando percebo que feri. Mas tantos defeitos tenho. (...) Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais."


" (...) Minha grande altivez: preciso ser achada na rua."


" (...) Mas é que eu não sabia que se pode tudo, meu Deus! (...) "


Clarice Lispector, diversas crônicas.

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